Existem coisas que a gente só para para pensar quando é debaixo do nosso teto, não é mesmo? Pois é, e por mais bacana que você seja, existem situações que não saberá como lidar enquanto não bater na sua porta. E um desses itens pode ser a restrição alimentar, afinal, se você não vive isso, nunca parou para pensar, por exemplo, nas festinhas das crianças e o cardápio servido.
Sim, eu sei que pensar em todos os detalhes de uma festa infantil é complicado, mas alguma vez você parou para pensar se algum amiguinho de seu filho tem alguma restrição alimentar? Ou então em preparar um cardápio onde tivesse itens que não tivessem tantos itens alergênicos e poderiam ser consumidos por crianças com restrição alimentar?
Não precisa ser expert em alimentação, alergias e restrição alimentar para ter ideia de alguns itens que estão entre os tops das restrições nas crianças e por mais que passe na sua cabeça que não é sua responsabilidade e que a mãe da criança alérgica que pense e se previna, eu diria que ter algo no cardápio sem glúten, lactose, leite, soja e ovo seria muito bacana.
A gente luta tanto por igualdade, por inclusão, mas muitas vezes não fazemos o mínimo para começar a incluir. Quando você convida os amiguinhos de seu filho para comemorar o aniversário dele, você pergunta se algum tem restrição? Isso seria o máximo, pois imagina a alegria da criança em se sentir acolhida na festinha de seu amigo.
Claro, em casa, os pais devem ensinar seus filhos sobre suas restrições e aos poucos, conforme eles vão crescendo fica mais fácil a compreensão sobre tudo que envolve ter alergia alimentar, mas já imaginou uma criança de 2, 3 anos em um ambiente todo colorido, com seus amigos e sem poder comer nada?
É super chato, é triste e ela não merece isso. Ela merece poder ter algo que possa ingerir, ela merece ser acolhida, ela merece atenção, ela merece porque comer é social e porque se fosse o contrário, você iria querer o mesmo.
O que mais vejo nas festinhas das crianças são alimentos que não são de crianças, mas por questões culturais e da força da industria, são há anos classificados como comida tal. Salsicha, batata sorriso, mini pizza, nuggets, coxinha, gelatina, algodão doce, fruta com chocolate (aquelas no palito), entre outros itens de nos deixar de cabelo em pé.
Está na hora dos buffets, escola, restaurantes começarem a pensar que as coisas estão mudando e o que há anos não “existia”, ou melhor, tinham menos evidência, atualmente está mais presente do que tudo.
Buffets cobram fortunas por festas infantis e a maioria avacalha no cardápio ou então não tem opções saudáveis e para quem tem restrição alimentar. Quando fui atrás de um buffet pra fazer o aniversário da Clara, sofri com o cardápio, não conseguia adaptar nada. Já fui em festas em buffets com brinquedos de madeira, sem eletrônicos, da moda, mas quando chegava no cardápio dava vontade de chorar!
E as escolas? Totalmente despreparadas para a demanda de alunos com restrições. A conversa sempre é a mesma: não temos condições de preparar algo especial para meia dúzia de crianças, não podemos correr o risco em preparar algo, dar errado e prejudicar a saúde da criança, no caso de uma contaminação cruzada. Concordo, não podem! Mas é preciso agir rápido, é preciso treinamento, é preciso urgentemente que as escolas entendam que cada vez mais terão crianças com restrição alimentar matriculadas e que no mínimo os profissionais precisam saber o que é uma alergia alimentar e que como sempre ouço, não é frescura dos pais e sim uma condição que precisa ser tratada com atenção. As escolas precisam rever seus cardápios, precisam rever os profissionais que assinam pelo cardápio servido para as crianças, precisam evoluir de uma vez por todas e investir na educação alimentar, precisam incluir as crianças de fato e não deixá-las em uma mesa separada enquanto acontecem as refeições, festas coletivas.
Nós pais, precisamos começar a se impor mais, a exigir que o local onde escolhemos para nossos filhos estudarem, pensem neles em todos os âmbitos. Se comer é socialização, como nossos filhos pode ser excluídos ou ignorados durante as refeições e festas? Já pararam pra pensar na tristeza que é para as crianças com restrições sobreviverem a semana da criança nas escolas que acham que hot dog, mini pizza e etc são comida de criança? São crianças, gente! Elas merecem respeito, merecem ser sempre incluídas e não excluídas. E outra, como falei no parágrafo anterior, está na hora das escolas reverem seus cardápios, pois se itens assim fazem parte, mesmo em dias de festas, está errado!
Pode parecer difícil, mas existem itens de fácil acesso, baixo custo para que todas as crianças possam comer em uma festinha feita para elas, afinal, é festinha de criança, não?
- Biscoito de polvilho
- Pipoca
- Milho cozido sem manteiga
- Gelatina natural
- Pão de queijo (pra quem pode lácteos)
- Frutas variadas
- Palito de vegetais com patês diversos
- Pães sem gluten com patês sem leite, como homus, babaganuche
- Tapioca com carne desfiada
- Cuscuz mole no potinho
- Cuscuz marroquino com vegetais (se atentar que o cuscuz é de sêmola, logo tem glúten, mas para quem pode consumir glúten, é uma boa pedida e saudável)
- Salada de macarrão sem glúten ou de milho, de quinua com vegetais, atum, frango desfiado (e claro, sem maionese. É só misturar os ingredientes e temperar com azeite, orégano, salsinha. Fica uma delícia)
- Salada de quinua
- Sagu
Além destes itens, você pode procurar algum lugar que faça preparações para quem tem restrição e encomendar alguns itens, assim, todos os convidados serão acolhidos e inclusos na festinha de seu filho.
*** Se tem dúvida sobre os ingredientes terem ou não algo alergênico, a dica é sempre ligar no SAC do fabricante e perguntar! ***
Para ajudá-las, relembrem alguns posts com ideias bacanas:
Opções sem glúten para o café da manhã e lanches
13 opções do que passar no pão de quem tem APLV
Cardápio de festa infantil: 3 anos da Clara (não tinha nenhum convidado com restrição alimentar, mas mesmo assim, existiam itens que poderiam comer caso tivessem. Serve como exemplo de um cardápio saudável para as festinhas)
Pensar no outro faz um bem danado pra alma!
Beijos.
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