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8 frases de deixar o cabelo em pé quando falamos de alimentação infantil

Imagem: Shutterstock
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Alimentação infantil, ou melhor, a alimentação de seu filho é responsabilidade de quem? Dos seus familiares, amigos, pediatra, escola, de quem quer que esteja a seu redor ou sua? Pergunto isso porque o que mais vejo é conselho ou palpite alheio quando se diz respeito ao que a criança tem que comer e isso é preocupante. Existem algumas frases que muitas pessoas adoram bater no peito e falar com todo orgulho, e eu aposto que você sempre as ouve quando nega dar açúcar ao seu filho, ou então quando explica que acha desnecessário dar chocolate, bala ou qualquer outro doce antes da hora para seu filho. Eu comi e estou vivo é uma das que mais me dá dor na espinha e com ela totalizo 8 frases de deixar o cabelo em pé quando falamos de alimentação infantil

1 – Eu comi e estou vivo!

Eita frase que devia ser devastada do universo! PQP que mania de ficar preso no passado, tirar a credibilidade de diversos estudos e acompanhar a evolução da ciência em relação a alguns alimentos que antes não tinha tanto conhecimento e agora já se sabe o quão nocivo é, principalmente para as crianças, que estão formando seus hábitos alimentares. 

2 – Só um pouquinho não faz mal:

Usar um pouco de droga faz mal? Peguei pesado? Olha, acho que não, porque é como se eu perguntasse o que pesa mais, 1kg de chumbo ou 1kg de pena.

Quando pensamos em drogas, logo achamos exagero comparar alguns alimentos, mas na realidade não estou comparando nenhum alimento a droga e sim ao hábito de só um pouquinho não faz mal. E tem alimentos que fazem mal sim dependendo da idade!

Faz mal para a saúde, para a formação do hábito alimentar, para a educação nutricional da criança. Faz mal e é desnecessário oferecer um monte de coisa que é oferecido antes mesmo dos bebês completarem 1 ano.

Esses dias li na internet que dar um pouquinho de refrigerante para um bebê de 3 meses não faz mal e  que o povo anda muito chato por não dar mais esse tipo de bebida para as crianças! Claro! É super bacaninha dar refrigerante para as crianças, o resto é tudo neurose!

Imagem Shutterstock
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3 – Tadinho, ele vai ficar com vontade!

Gente, vontade do que se ele nunca comeu? Me expliquem, por favor! E outra, fala-se tanto em dar limites, porque com a alimentação tem que ser diferente e já dar tudo o que é inadequado dependendo da idade da criança? Não sou eu quem fala que não pode e sim órgãos respeitados que preconizam que açúcar antes de 2 anos é não! São empresas alimentícias que falam a faixa etária de alguns de seus produtos, como os petit suisses, por exemplo. E mesmo assim, com as orientações (confesso que escondidas e muitas dela você só tem se liga no SAC da empresa), muitas pessoas insistem em já oferecer para os bebês o que não deveria.

4 – Deixa ele aproveitar a infância!

Eu gostaria de entender o porquê aproveitar a infância está relacionado a comer besteiras. Sério, qual a ligação? Sendo que a maioria das coisas que querem tanto que as crianças comam, elas deveriam comer só depois de “velhos”, na realidade quando tivessem idade adequada para entender sobre quantidades de quanto comer, qualidade do que estão comendo e isso é decorrente a criação correta do hábito alimentar. Digamos que com uns 6 – 7 anos, a criança já tem sim uma maturidade para entender com mais clareza o que tanto falamos em relação a alimentação.

7 frases de deixar o cabelo em pe quando falamos de alimentacao infantil
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5 – É só no fim de semana!

Porque só existe “prazer” no fim de semana? Porque só no fim de semana podemos comer o que temos vontade de comer na terça feira, por exemplo? Concordo que passear durante a semana pode ser difícil, dependendo da rotina e dia a dia da família, mas porque comer também tem que ser assim? A partir do momento que o hábito alimentar está correto, não precisa comer o bolo no fim de semana, ele pode aparecer no café da manhã, lancheira ou lanche da tarde. O macarrão à bolonhesa não precisa ser só almoço de domingo. A criança não deve esperar ansiosamente para comer, ela deve aprender a comer e não descontar sua ansiedade em nenhum alimento que seja. Claro, que sempre respeitando a idade da criança e o alimento oferecido.

6 – Eu não deixo, mas quando vai na casa dos avós…

Ei, vem cá, por mais que você tenha ajuda de seus pais ou sogros, a educação do seu filho é de sua responsabilidade. É difícil? Sim, eu sei! Mas as pessoas precisam respeitar suas escolhas e você deve encontrar o ponto certo de explicar ao demais. Esses dias fui atender uma criança de 4 anos que pesa 47 quilos, onde a pediatra já alertou o perigo que a criança se encontra, pois ela já está com diabetes, tem dificuldade para respirar, não consegue brincar como as outras crianças, enfim, com tanto pouco tempo de vida já tem sintomas de gente da terceira idade.

Aos poucos ela foi me contando como era a rotina da casa, que o menino fica com a avó dela, ou seja, com a bisavó e que ela dá mamadeira com engrossante toda vez que ele pede, e o pequeno pede no minimo 4X no dia. Eu fiquei congelada na hora, pois era nítido que a mãe preocupada se via com as mãos atadas em relação a avó, pois além de dever respeito, dependia dela para cuidar de seu filho e ela clamava por socorro.

7 – Isso é comida de criança!

Fico impressionada como a Industria alimentar usa das crianças para se auto intitularem “comida pra criança”. Percebam que quase tudo tem algum personagem atrelado e quando você vai ler os ingredientes, as informações nutricionais quase caí pra trás. É um monte de açúcar, conservantes, corantes, excesso de sódio. Tudo que faz mal e você já dá para seu filho desde pequeno.

Engrossante, nuggets, salsicha, linguiça, peito de peru, gelatina, macarrão instantâneo, refrigerante, suco de caixinha adoçado, bisnaguinha e mais um monte de coisa é surreal estar no cardápio de uma criança.

Bolacha recheada, sem recheio, chocolate, bala e afins, que vejo que muitas oferecem antes mesmo de 1 ano, devem esperar a idade certa e sempre com muita parcimônia.

Porque é tão difícil entender que comida de criança deve ser a mais pura e natural possível? Frutas, verduras e legumes são comida de quem se também não for de criança?

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8 – Açúcar faz bem para criança, deixa ele comer!

Repitam comigo: açúcar não é comida de criança, açúcar não é comida, açúcar não é amor ou afeto!

Para que acelerar um processo desnecessário para a criança? Atualmente, o açúcar é inserido na dieta da criança quando ele ainda é bebê, antes mesmo dos 6 meses de vida. Para que? Porque ele precisa ganhar peso? Porque você acha que ele está com fome, seu leite não sustenta e ele não aceita a fórmula, então a solução é colocar engrossante na mamadeira e pronto, em um passe de mágica o bebê ganha peso, aceita o leite e está tudo certo? Não, não está certo! Você primeiro precisa buscar ajuda e ver se realmente há algo errado com seu leite materno, depois você precisa entender que bebê precisa de colo, carinho, amor, depois você precisa entender que ele não precisa de açúcar para aceitar o outro leite, enfim, você precisa ter paciência, buscar ajuda e não entupir seu filho com algo que faz mal.

E por aí? qual frase você mais escuta quando fala que sua Cria não come açúcar porque ainda não tem idade, ou não toma refrigerante porque não precisa? Eu já escutei e escuto todas diariamente, principalmente em alguns comentários que recebo nos posts que faço orientando e provando por A + B que as novas orientações da OMS, MS, SBP mostram.

Até os 3 anos é a fase em que ensinamos o hábito alimentar da criança e a partir daí, com sua base educacional, ela estará pronta para ir para “fora da redoma” e conseguir comer adequadamente a maioria das coisas.

Não tenham pressa em oferecer o desnecessário para seus filhos. Ele já comeu jiló, quiabo, fruta do conde, caju, cajá … por exemplo? Não? E porque tem que conhecer todas as bolachas sem recheio, todos os biscoitos de polvilho ou todos os tipos de pães industrializados? Reflita! 🙂

Beijos.

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