Um dia resolvi me tornar mãe

 

Um dia eu resolvi me tornar mãe e desde a fase tentante da coisa, mudei alguns hábitos pensando na saúde daquele que seria meu futuro bebê, hoje minha filha Clara com quase 5 anos. Abri mão de algumas muitas coisas e não me arrependo, pois como tudo na vida, são objetivos que corremos atrás para realizar e fases que passamos. Nada é ou precisa ser pra sempre, mas claro que se for pra melhor, é mil vezes melhor que a mudança perdure.

Um dia eu resolvi me tornar mãe …. Eu parei de fumar, sim, era aquele tipo de fumante que praticamente comia cigarro, sabem? Era o de uma marca famosa, da caixa vermelha, forte. Tudo era motivo para eu fumar: acordar, ir ao banheiro, depois de comer, no auge do estresse, no auge da comemoração, nas crises existenciais de choro, depois de um belo sexo, na mesa do bar, ao entrar no carro, antes mesmo de levantar da cama quando o despertador tocava, fumava 2 – 3 cigarros. Parei de fumar efetivamente 2 dias antes de descobrir a gravidez.

Parei de consumir bebida alcoólica socialmente. Sim, era aquele tipo de mulher, ou melhor, éramos o tipo de casal que todo fim de semana estava na balada. Na verdade, como a Clara foi planejada, antes de entrarmos na fase tentante modo hard, nos despedimos da fase baladeiros em grande estilo, e posso garantir, hoje não nos faz falta sentar em uma mesa de bar.

Pensem em uma pessoa estressada, brava e cheia de marra. Pensaram? Pois é, eu era assim. Vivia correndo atrás de metas no trabalho, dinheiro para pagar conta, estresse para fazer cliente fechar negócio. Dirigia feito piloto de fórmula 1, tanto é que os porteiros do prédio brincavam com meus pais: a loira passou de carro aqui na frente que nem vimos de tão acelerada.

Foi incrível a mudança interna que eu busquei, pois não queria uma filha estressada, irritada com tudo e com todos e, acima de tudo imprudente, dirigindo loucamente pelas ruas. No último mês de tentante, resolvi começar a tentar meditar, claro que não consegui, pois acelerada e ansiosa como só eu posso ser, meditar é algo que exigia demais, mas comecei a deixar as coisas fluírem naturalmente. Comecei a acreditar piamente em meu merecimento e que as coisas tinham seu tempo para acontecer. Comecei a emanar mais pensamento positivo em tudo na vida. Acreditem, eu acredito que o Universo conspira a nosso favor, mas sempre “exigia” que fosse no meu tempo, dentro das minhas necessidades. Mas aos poucos, em pleno outubro/novembro de 2011, eu resolvi entregar nas mãos do Universo todo o meu nervoso e estresse e busquei dentro de mim uma paz que nem eu sabia que existia. E deu certo …. Eu resolvi ser mãe, então precisava diminuir o ritmo.

Engravidei! Uau! Um dia resolvi ser mãe e meu sonho estava se realizando. Emoção à flor da pele, uma sensação que acho que só vou sentir novamente quando engravidar de novo. Eu estava gerando um ser! Eu, que sempre acreditei que não poderia engravidar, afinal, já tinha feito tanta “cagada” enquanto namorava e nunca tinha passado nem medo de estar grávida antes da hora, jamais poderia pensar que engravidaria em 3 meses de tentativas.

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Passei a minha gravidez inteira controlando ao máximo a minha alimentação, e não porque eu sou nutricionista, mas sim porque criei uma consciência de que tudo que fosse para o bem da minha cria eu faria desde já! Não comi doces, não caí nas tentações dos meus desejos e mantive a linha, pois morria de medo de ter diabetes gestacional, hipertensão ou qualquer outra coisa decorrente da minha alimentação errada. Conseguem imaginar uma chocólatra assumida controlando sua vontade de comer chocolate todos os dias e não comendo? Pois é, eu fui dessas, mas por incrível que pareça, transferi esta minha necessidade em um belo prato de arroz, feijão, abobrinha e carne moída. Sim, nem eu acredito, mas este foi o prato que mais pedi durante a gravidez. O chocolate voltou depois, lá no fim da gestação, para eu me despedir e ficar os 3 longos meses do pós parto sem ingeri-lo, pois não queria que a Clara tivesse cólica.

Conversava com minha cria todos os dias, explicava tudo que estava acontecendo, planejando. Enquanto comprava suas roupinhas, falava com ela. E enquanto decorava seu quarto? Incrível como ela sempre amou seu cantinho, desde sempre! Lia histórias, escutava músicas e hoje ela ama tudo isso, muito mais do que televisão. Relaxava com as pernas pro ar quando voltava do trabalho. Trabalhei até 1 dia antes dela nascer, de segunda à sábado e 2 domingos por mês, às 39 semanas de gravidez. Fui trabalhar colocando os bofes pra fora, de chinelo, porque meus pés incharam e não cabiam sapatos.

Eu vivi tão intensamente minha gravidez, tão conectada com minha cria por 39 semanas, que quando ela nasceu e pude escutar seu primeiro choro, pude amamentá-la pela primeira vez, a tive no colo, foi algo tão maravilhoso e profundo que não sei explicar… Tive a sensação plena de porque eu vivia neste mundo. Sim, era pra ser mãe!

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Por mais cansativo, estranho, diferente, noites de sonos privadas (por aqui durou 2 anos e 5 meses), eu tinha esta certeza e busquei sempre o lado positivo, o lado do amor para enfrentar o lado cinza da maternidade, pois como falo, a maternidade não é feita apenas de rosa e sim de um arco íris com todas as cores, mas quando estamos conscientes e certas de nossa vontade e aliamos com amor, carinho, afeto e respeito, tudo flui melhor. Tudo se torna compensador.

Ninguém me disse que seria fácil, que o período da gravidez seria tranquilo, que o puerpério nem sempre seria lindo, que amamentar era difícil, que ficar sem dormir é irritante, que a vontade de fazer sexo pode ir embora por um tempo. Mas eu sempre senti que ser mãe era meu grande sonho e fui atrás dele da melhor forma possível, e tem dado certo.

Beijos.

*Este post também foi publicado no Se as Mães Soubessem e é de minha autoria. 🙂

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