Quem acompanha o blog viu que participei de um projeto muito bacana do SESC Bom Retiro, o Luz na Primeira Infância e ministrei 3 palestras, sendo uma de amamentação, outra foi a Oficina de Papinhas para os bebês de 6 meses a 1 ano e a última foi para crianças maiores de 1 ano, a Alimentação Infantil Saudável. E em todas recebi algumas perguntas com as mesmas dúvidas em relação a nutrição dos pequenos, mas na grande maioria era como criar uma rotina na alimentação infantil e a partir de quando deve-se começar segui-la.
Bom, eu não sou do tipo de mãe que segue a risca os horários estabelecidos e entro em parafuso quando algo saí do padrão pré estipulado, brinco até que pareço boa mãe, mas já deixei minha filha almoçar às 14h da tarde ao invés de meio dia. Mas isso é exceção e sim, sigo uma rotina na forma de alimentar a Clara e é como indico aos meus pacientes. O fato é que tudo na vida tem que se encaixar a realidade da família e o que é excesso demais, precisa ser encontrado o famoso equilíbrio, pois sim, a criança está em processo de criação de hábitos e nós adultos precisamos adaptar nosso mundo ao delas e não o contrário.
Quando tocamos no assunto alimentação infantil, logo vem as famosas frases tenebrosas: meu filho não come; meu filho só come bolacha; meu filho só aceita mamadeira; meu filho não toma água e muitas outras que tomariam todo o post.
Mas aí eu te pergunto: – Onde foi que você adulto pode ter se equivocado neste meio tempo todo para poder afirmar tudo isso? O que você adulto fez para contribuir com esta dificuldade na hora da alimentar seu filho? Não estou culpando o adulto, mas sim, somos nós que temos que ter as rédeas da situação e não os pequenos, principalmente quando pensamos na fase de 6 meses à 3 anos, por exemplo.
Quando criamos uma rotina na alimentação infantil, fazemos com que o organismo dos pequenos comecem a se acostumar com o famoso relógio biológico e eles tenham fome em determinados horários e isso super facilita, pois é inevitável: criança só come quando tem fome! Por isso, devemos criar a rotina desde que iniciamos a introdução dos sólidos, a diferença é que conforme eles completam meses ou anos, oferecemos novos alimentos, novas refeições.
1 – Crie os horários da alimentação: de acordo com o que é viável para a família e rotina do bebê, lembrando que não devemos deixá-los sem comer mais que 3 horas e que para eles aceitarem bem a próxima refeição, precisam ter fome, desta forma, alimentá-los de hora em hora não é indicado por este motivo e por correr o risco de estimulá-los a comer demais. ===>> Responsabilidade do adulto
2 – Crie o ambiente para as refeições: Nada de cada dia comer em um cômodo diferente ou então cada refeição ser em cômodos diferentes porque você adulto quer assistir ao jornal, ou quer ficar deitada na cama. Mostre para a Cria que é hora de comer, monte a mesa de forma atrativa com jogo americano colorido, prato bem montadinho. ===>> Responsabilidade do adulto
3 – Sente junto: Faça da refeição um momento onde você também participa com a criança. Fique calma, busque a paciência lá nas montanhas do Tibet e não deixe que sua ansiedade fale mais alto. Monte seu prato igual ao da Cria e converse sobre o momento: – Filho, agora nós vamos papar. Olha só que delícia está comida para te deixar forte, crescer …. Use a linguagem que seu filho está acostumado. ===>> Responsabilidade do adulto
4 – Organize-se: Desta forma nunca vai faltar aquele item saudável da refeição, a correria não vai atrapalhar e você sempre terá uma carta na manga. ===>> Responsabilidade do adulto
5 – Qualidade do cardápio: Parte tão fundamental quanto os horários. É nesta hora que você vai de fato colaborar de forma positiva ou não para a alimentação de sua Cria. É a hora em que você vai sentar e pensar em o que servir, em qual momento e o que pode ser servido de acordo com a idade de cada Cria. Lembre-se, Seu filho só vai comer bolacha, se você oferecer a bolacha para ele, seu filho só vai aceitar mamadeira, se toda vez que você se desesperar que ele está com fome ou magrinho oferecer a mamadeira e assim por diante. ===>> Responsabilidade do adulto
6 – Quantidade ingerida de comida: Bom, aí começa a grande luta e possível desânimo por nossa parte, mas digo com todas as letras, são os pequenos que decidem a quantidade que irão ingerir. Quando a alimentação é regrada, com alimentos saudáveis variados, a quantidade de comida ingerida por ser pouca aos olhos de nós, adultos, mas o suficiente ao estomago dos pequenos. Lembrem-se sempre, nós não sabemos o quanto cabe dentro da barriguinha deles, por isso, não devemos enchê-la com alimentos desnecessários e inapropriados dependendo da faixa etária de cada criança. ===>> Responsabilidade da criança
**** Percebam que entre 6 itens, 5 são de responsabilidade do adulto e 1 da criança! ****
Quando criamos a rotina alimentar, com foco, sem deixar que o desespero de nossa Cria estar possivelmente com fome ou sem ganhar peso, tudo fica mais fácil e flui normalmente. Antes do desespero da falta de ganho de peso nos aterrorizar, devemos ver a genética da criança, o conjunto da alimentação, se ela é mega agitada e gasta bastante energia, se está crescendo, se desenvolvendo e se por exames bioquímicos está com alguma deficiência de nutriente. Para depois pensarmos em suplementos, abridores de apetite ou de ficarmos cedendo e abrir o leque de itens alimentícios ricos somente em açúcar e gordura.
Muitas de nós se desespera muito rápido quando nosso filho nega algo para comer. Sim, super entendo que é difícil ver nossos filhos não aceitarem verdinhos, frutas, carnes ou qualquer outra coisa e só aceitar bolachas, biscoitos e mamadeiras. Mas sendo sim repetitiva, vamos lá, você ofereceu bolachas, biscoitos e mamadeira adoidado na hora do desespero, então agora é hora de manter a calma e lutar por dois motivos: melhorar o hábito alimentar de seu filho e fazê-lo aceitar novas opções de alimentos. Percebe como é mais complicado? Percebe como não vale a pena deixar o desespero falar mais alto?
Pensem assim, quando o bebê começa com a introdução dos sólidos aos 6 meses, temos até 1 ano para introduzir os alimentos e aumentar a consistência, deixando-o preparado para a sua nova fase na alimentação, a da comida da família. Assim que ele completar 1 ano, começamos o novo desafio, o dele aceitar novos alimentos, na consistência normal e em fazer todas as refeições. E independente da faixa etária, é importante seguir uma rotina com as refeições.
Espero ter ajudado! Beijos,
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