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Alimentação saudável: existe hora para desistir?

Alimentação saudável: existe hora para desistir?
Imagem: Shutterstock

Uma das dúvidas que sempre recebo pelos canais de comunicação do blog e até mesmo nas consultas ou consultorias, é até onde insistir na alimentação saudável quando existe alguma dificuldade de não aceitação da criança. E a resposta é sempre praticamente a mesma e certeira: não existe hora para desistir!

Nossa, Paola, mas meu filho não come, meu filho não aceita, meu filho não ganha peso, meu filho vai ficar desnutrido, meu filho come muito pouco. Sim, eu sempre escuto isso quando falo que temos que insistir. E sim, eu compreendo a aflição materna e/ou paterna. Gente, sou mãe antes de tudo! Mas me fale, se não continuarmos, iremos começar a cair nas garras do errado e depois pode ser pior. A alimentação saudável e correta deve sempre persistir,m pois não existe hora para desistir.

Minhas dicas unidas a teoria que aprendi na faculdade são passadas para vocês com a prática baseada as minhas vivências, nas minhas dificuldades e facilidades. Eu sei o quanto é doloroso sairmos da consulta do pediatra com a frase: ele está abaixo da curva do peso, ele não ganhou peso. Passei por isso logo nos primeiros dias de nascido da Clara, quando ela era só amamentada e assim continuou exclusivamente até os 6 meses.

Mas Paola, porque não existe hora para desistir? SIMPLESMENTE porque comer adequadamente é o melhor que podemos fazer, ensinar nossos filhos a comerem de acordo com a idade deles é um dos grandes ensinamentos que podemos passar. Será algo pra vida toda, até na fase em que eles irão pra rua e verão tudo o que evitamos até certo dia.

O grande problema de desistirmos é que sempre caímos nas escolhas erradas, sempre caímos nas opções alimentícias cheias de ingredientes ruins pra idade dos pequenos e não tratamos a causa do não ganho de peso, da não aceitação por comida de consistência normal, da não aceitação por certos grupos de alimentos. Isso é errado, é ruim pra saúde dos pequenos.

Mas vamos pra algumas situações mais que corriqueiras em que muitos têm vontade de desistir da alimentação saudável e apropriada para a idade da criança e eu sempre falo que não existe hora para desistir:

1 Peso do bebê, os engrossantes e o complemento:

Alimentação saudável: existe hora para desistir?
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Quando eles ainda estão só no peito e não ganham peso, a primeira coisa que ouvimos é: tem que complementar. Depois, se o ganho de peso não aparece é: tem que engrossar. Gente, cadê o incentivo da amamentação? Cade o apoio? Cadê os profissionais querendo tratar a causa do não ganho de peso ao invés de só quererem solucionar de imediato sem dor de cabeça pra eles? Sim, existem crianças que foram complementadas com fórmulas e mamadeiras cheias de engrossantes e estão super bem, assim como existem mães que não conseguem amamentar e ok também.

Não é pra sofrer, se sentir culpada. Mas há a necessidade do empoderamento sim, pois o leite materno é a melhor opção para o bebê e o engrossante NUNCA deveria ser uma opção. NUNCA, nunquinha em hipótese alguma antes dos 2 anos, simples assim.

Ou então, o bebê já está na fase dos sólidos e o ganho de peso está difícil, logo vem os achocolatados cheios de açúcar “vitaminas”, os engrossantes e etc. Gente, é uma bomba calórica apenas em uma opção. Cadê variedade? Cadê opções bacanas e saudáveis para eles comerem e consequentemente ganharem peso?

Credo, Paola, que exagero. NÃO! Não é exagero, é seguir uma recomendação da OMS e Sociedade Brasileira de Pediatria, onde o açúcar deve ser oferecido após os 2 anos. Está escrito lá, não sou eu quem está falando! Falei muito sobre isso em um post da Mel, do Maternidade Simples, leiam: Qual o problema em engrossar o leite?

~ Relembre:

2 Consistência da comida:

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Chegamos nos 6 meses, é hora de iniciar a introdução dos sólidos. A mãe tenta a opção amassada e o bebê só cospe, não aceita. Vem o desespero do bebê comer pouco, estar com fome, não ganhar peso. Até que ela ouve o conselho errado e começa a bater a papa. Pronto, a solução mágica apareceu, o bebê começa a comer um monte pra alegria da mãe. Chegamos a 1 ano e ele continua comendo apenas papa batida no liquidificador, máquinas importadas que dizem ser super práticas ou então no mixer. Gente, é errado. Assim, sem dó e na lata: é ERRADO!

As papas salgadas NÃO podem ser batidas em nenhum tipo de utensílio doméstico ou peneiradas. Elas devem ser amassadas com o garfo e conforme o bebê completa meses, deve-se aumentar as consistências para que, com 1 ano, ele já esteja comendo em consistência normal.

Isso estimula a introdução de novos alimentos, isso estimula a fala, isso faz com que o bebê se prepare para sua nova fase. Mas Paola, ele não aceita de jeito nenhum, fico desesperada quando ele não aceita. Ele cospe, ele engasga.

Gente, tire o medo da sua cabeça e ACREDITE. Quem disse que precisa comer trocentas conchas de papa? Dos 6 meses até 1 ano, é o tempo que temos para introduzir os alimentos aos poucos. O leite materno continua sendo o principal alimento. É pra ser com calma, paciência, amor, RESPEITO. A quantidade da porção é o bebê quem determina, a qualidade é o adulto. Qualidade em variedade, qualidade em consistência.

~ Relembre:

3 Aceitação da variedade:

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Imagem Shutterstock

NUNCA devemos parar de oferecer frutas, verduras e legumes para os pequenos. Por mais que eles não aceitam, precisamos sempre deixar no prato, oferecer e não fazê-los esquecer que existem outras cores/opções para comer.

Além disso, JAMAIS devemos cair no erro de oferecermos alimentos e opções não indicadas para a idade das crianças por medo deles não ganharem peso ou estarem comendo pouco. Não devemos trocar a comida pelo lanche ou pelo leite da mamadeira. Não devemos introduzir itens cheios de açúcar, gordura e ingredientes desnecessários.

Abuse da criatividade, faça o arroz e feijão mais reforçado, abuse do que ele aceita e que é indicado pra sua idade, mas junto, ofereça o restante que a criança na aceita! ROTATIVIDADE e VARIEDADE são fundamentais para o organismo da criança e de todos nós.

~Relembre:

4 Quantidade de comida:

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Isso é algo que sempre deixa o responsável pela comida de cabelo em pé. Já parou pra pensar que sempre achamos que nosso filho come pouco? Gente, a grama do vizinho não é mais verde que a nossa! Desencane da quantidade e acredite que o mais importante é a variedade do que você oferece ao seu filho.

Se eu tenho um paciente que come muito de uma coisa só, logo fico de cabelo em pé, pois não é bacana, não é interessante e não é certo. Não adianta a criança bater um pratão de arroz e feijão apenas. Prefiro mil vezes que coma menos arroz feijão, mas junto outras opções.

Claro, isso depende de criança para criança e a evolução do desenvolvimento da mesma. Lembre-se sempre:QUANTIDADE são as crianças que determinam, QUALIDADE somos nós!

Agora, quando a criança não come nada, não come nenhuma opção de um grupo alimentar, é preciso observar os porquês disso. É interessante recorrer a ajuda de um profissional nutricionista para que ele consiga te ajudar de fato. Muitas vezes pode existir um problema de deglutição, uma fobia ou pode ser apenas uma fase.

~Relembre:

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Não existe mágica, existe determinação. Não existe xiitismo, existe determinação. Não existe “comi e não morri”, existe oferecer para sua cria uma alimentação apropriada para a faixa etária em que ela se encontra. Não deixe o desespero ser maior do que seu foco. É preciso cuidar da origem do porque a criança não aceita algo, do porque a criança não ganha peso e não simplesmente entrar com engrossantes, alimentos não indicados.

É preciso cuidar e tratar a criação do hábito alimentar correto e não simplesmente focar no ganho de peso ou aceitação de uma quantidade de comida que agrade você!

RESPEITE a quantidade que seu filho come, invista em ajuda profissional, promova a rotatividade do cardápio da sua família! #ComaForaDaCaixinha!

Beijos.

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