Meu filho não come, meu filho come pouco, meu filho não come verde, meu filho não come fruta, meu filho não come mingau, meu filho não aceita nada do que eu faço, meu filho parou de comer do nada. Essas e muitas outras perguntas lotam meu email, caixa de mensagens e são basicamente o assunto que mais causa desespero nas mães. Qual mãe nunca se desesperou com a quantidade que o filho comeu? Ou qual mãe não se desesperou quando o filho não comeu a refeição oferecido. Será que existe uma receita de sucesso de alimentação infantil saudável?
Falar como profissional pode parecer fácil e muitas vezes é. Apontar somente os erros e não achar os acertos também é outra facilidade, mas o que será que é preciso fazer pra alimentação ser sucesso com as Crias?
Quem me acompanha pela fanpage e pelo Instagram vê praticamente diariamente o café da manhã da Clara ou fotos/relatos dela comendo de forma bem variada e é muito comum eu receber comentários do tipo: queria tanto que meu bebê comesse assim, linda Clara comendo tudinho, como faço pro meu filho comer assim?
Meninas, não existe fórmula ou mágica, na realidade eu acredito que exista disposição, paciência, força de vontade e determinação por parte dos pais e em consequência a alimentação flui.
Hoje resolvi falar como eu faço em casa, como eu sempre fiz e até então tem dado certo.
1 – Introdução alimentar:
- Não parei com a amamentação e ela continuou sendo em livre demanda enquanto estávamos juntas;
- Comecei aos 6 meses, nunca forcei e respeitei o apetite da Clara;
- Comecei com as frutas, repeti por 3 dias seguidos, 2X/dia a mesma fruta antes de mudar pra próxima. A ordem foi: banana, maçã, pêra, mamão, manga e depois disso cada dia 2 frutas diferentes.
- Tentei sempre fazer combinações de legumes, verduras e carnes que deixasse a papa principal atrativa e saborosa ao invés daquelas gororobas sem gosto nenhum ou com 1 gosto único predominante;
- Ofereci desde sempre as Papas e frutas amassadas e gradativamente aumentei os pedaços, com isso, aos 9 meses ela já comia pedacinhos maiores e com 10 – 11 meses se aventurava no meu prato.
Dos 6 meses à 1 ano sua rotina era assim:
Post que pode te ajudar nesta fase:
2 – Alimentação à partir de 1 ano:
- A comida da família passou a ser a oficial pra Clara, na realidade, nós passamos a comer da forma em que ela podia comer e muitos hábitos foram mudados pro bem de todos;
- Açúcar continuou sendo proibido, salvo raríssimas exceções;
- Dividi esta fase em 2 etapas e funcionou super certo por aqui, consegui evitar o consumo de vários produtos que ao meu ver eram desnecessários pra ela antes de 1 ano e 6 meses.
- Este ano, ela com 1 ano e 6 meses, em uma turma nova na escola e uma alteração bacana no cardápio da escola, liberei que ela consumisse o que era servido nos lanches intermediários.
- O jantar na escola também foi fundamental pra ela fazer esta refeição, pois ela chega cansada da escola e muitas vezes não jantava em casa, ou seja, era uma grande refeição sem ser feita.
- Agora ela janta na escola e comigo faz uma ceia reforçada e gostosa!
Esta divisão na rotina alimentar também foi considerável pra eu gradativamente incluir alimentos que antes de 1 ano não são permitidos e também já iniciar a introdução de alguns alimentos rumo aos 2 anos.
- Aos poucos incluí derivados de leite como iogurte, coalhada, queijos, requeijão, ricota;
- O mel foi adicionado em raras preparações, pois o açúcar continua sendo proibido;
- Quando usado açúcar, dei preferência pro mascavo ou demerara (falei neste post sobre os tipos de açúcar);
- Inclui no cardápio algumas opções de bolos caseiros, biscoitos doces, waffle mas sempre com parcimônia;
Post que pode te ajudar nesta fase:
3 – Quantidade de comida:
- Sempre respeitei o apetite da Clara;
- Nunca forcei;
- Nunca usei televisão, chantagens ou brinquedos pra ela comer mais;
- Quando ela fica doente, faço opções de comida que ela gosta mais e abuso disso, por exemplo, ela adora arroz e feijão, quando ela está doente, abuso do arroz e feijão e não me preocupo se ela não comeu verde, amarelo ou laranja. O que faço é cozinhar o arroz no caldo de carne, assim tem todas as vitaminas e minerais da carne;
- A deixo ter fome, ou melhor, respeito os horários das refeições e não ofereço comida toda hora. Criança pra comer precisa ter fome, assim como nós, ou então ela começa a comer por gula e não apetite.
Post que pode te ajudar com este dilema:
Quantidade de comida que a criança tem que comer
4 – Como fazê-los comer:
Aqui em casa eu tomei como certo de que Clara teria uma alimentação saudável, correta e de acordo com sua faixa etária.
Por mais criticada que fosse, ela não iria comer superfúlos, doces e açúcares antes da hora e sim, isso seria assim. Conversei com todos, com Marido e pedi que respeitassem minha opinião, vontade e direito de mãe em escolher o que acho melhor pra minha filha.
Desde o início dei preferência por tudo que fosse mais natural possível, feito em casa, mas quando precisei de algo industrializado, fui atrás de opções orgânicas, sem açúcar e com pouco sódio. Digamos que depois de mãe me tornei a “louca” dos rótulos e sim, comecei a ler ingredientes, informações nutricionais (relembre neste post o que você precisa saber sobre os rótulos)
Como faço em casa e funciona:
- Sempre apresentei as frutas, verduras e legumes pelo nome. Toda refeição, desde a primeira aos 6 meses eu falei o que era e o que ela iria comer. Com isso, hoje ela sabe o que quer comer, o que gosta e já pede;
- Independente do apetite, sempre ofereço cardápios variados e abuso da introdução de diferentes itens encontrados na feira;
- Elaboro o cardápio, ofereço todos os itens e respeito a escolha dela em comer o que quer comer. Tem dias em que ela come um pouco de tudo, tem dias que come só uma coisa e tem dias que nada come. Mas também tem dias que escolhe 1 item e pede repetição do mesmo item. Ela é de fases, tem semana que só quer banana, já outras que não pode chegar perto da banana e eu sempre respeito suas vontades dentro das opções que são permitidas (por exemplo, se eu dei melão, mas ela olha pra fruteira e pede maçã, eu deixo ela comer a maçã), mas não deixo ela trocar a fruta por um bolo ou pão, pois são de grupos diferentes. Por isso o que fica sempre à mostra são os alimentos permitidos.
- Servimos de exemplo: meu prato e do Marido é igual ao dela, assim ela vê que todos estamos realmente compartilhando o momento da refeição. Quando nós queremos comer algo que ainda não é permitido pra ela, como doce, por exemplo, comemos quando ela está dormindo. No caso de café, cerveja (Marido) ou alguma outra bebida alcoólica, falamos que é de adulto e o dela é o que oferecemos pra ela.
- Respeito e entendo a sujeira de cada fase e a deixo desbravar com suas mãos a banana, a laranja, a maçã e tudo o que tem vontade desde que permitido;
- Organizei minha cozinha com itens permitidos ao alcance dela, assim quando ela tivesse vontade podia ir até a fruteira e pegar sua fruta;
- Sempre carrego na bolsa opções saudáveis e práticas (banana é uma delas) pra num caso de fome em lugar onde não encontro algo pra ela comer, assim não preciso dar algo que no momento não é indicado por causa da idade;
- Por mais que ela não coma doce, se estamos em uma festa, por exemplo, e ela quer experimentar algo doce, eu pego, dou em sua mão e deixo ela provar. Na maioria das vezes ela prova, faz cara de que não gostou e me entrega o doce. Nunca, em hipótese alguma recrimino ou a impeço de comer, só se são coisas que realmente ela não pode consumir;
- Deixe sempre claro que era hora de comer e ela já entende isso. Quando acorda, depois de mamar, por exemplo ela pede os itens que come no café da manhã, tipo pão ou a fruta que quer comer. Depois ela sente fome e pede papá de novo (perto do horário do almoço) e quando chega da escola, sempre pede seu “ioguti”. Tudo isso foi possível pela rotina que fizemos juntas.
- Deixo sempre água por perto. Em casa sempre tem uns 2 copos com água, um na sala e outro no quarto e falo pra ela que tem água pra quando ela sentir sede. Com isso, criei o hábito da água matar a sede.
- Sucos só são oferecidos nas horas certas e nunca pra substituir a fruta ou a água. Por exemplo, no meio do dia, pra “disfarçar” a fome nunca ofereço suco, vejo se está na hora de alguma refeição e dou. Caso ela peça suco “fora” da hora, dou mas em pouca quantidade e explico que não é a hora de tomar suco.
Pode parecer que é muito rígido, mas podem acreditar, não é. Tento ao máximo não oferecer alimentos demais nos intervalos justamente pra ela comer o almoço e o jantar de forma correta, afinal a maior oferta de nutrientes acontece nestas refeições. E de forma leve, ela mesmo não é de pedir alimentos fora de hora, na realidade quando chega próximo ao horário da refeição ela pede algo que pode não ser o que comeria, por exemplo, normalmente almoçamos 12:30 – 13hs aos sábados e quando chega lá pelas 12hs ela pede pão, não dou e já acelero o preparo do almoço, assim ela senta na mesa com fome e come, mas ao invés de falar não, eu explico que já está quase na hora do almoço, a coloco sentada na cadeirinha e no máximo dou a salada, o tomate … nunca algo diferente do que ela comeria nesta refeição.
Pra conseguir fazer o café da manhã, eu preciso me organizar pra que consigamos fazer esta refeição juntas e com uma certa calma. Deixo a mesa posta no dia anterior, tenho uma bandeja com itens de café da manhã (aveia, chia, quinua em flocos, açúcar mascavo, cereal sem açúcar orgânico, pães) e na geladeira já organizo os itens de “recheio” de fácil acesso.
Não gosto de deixá-la sozinha na mesa e sair correndo pra fazer outras coisas e ela também me chama e fala:
– Xenta mamãe, aduda a Claira! (Senta mamãe, ajuda a Clara)
Espero ter respondido as maiorias das dúvidas que recebo e claro, ajudá-las.
Beijos
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