Uma das maiores queixas dos pais em relação a alimentação de seus filhos pode ser resumida com uma pequena frase: Meu filho não come!
Quando posto fotos da Clara comendo, recebo alguns comentários do tipo: Queria que meu bebê comesse assim.
Mamães, eu garanto que não é mágica ou porque ela é filha de nutricionista, mas sim porque tive toda a paciência pra introduzir os alimentos, respeitei seus limites, suas negações, reapresentei o alimento negado de uma outra forma, deixei ela fazer bagunça própria pra idade, deixei ela chupar laranja e se melecar toda …. enfim, aos poucos ainda estamos descobrindo formas e formas pra Clara cada vez se alimentar melhor. O que mais me preocupo é em sempre variar e apresentar todos os alimentos presentes na feira, por exemplo e fujo totalmente dos industrializados, mesmo quando ela está sem apetite ou não quer comer por qualquer outro motivo.
Frase esta que sempre vem acompanhada de muito estresse, nervoso, preocupação, irritação entre outros estados de humor negativos por parte do pais, mas que também são presentes nas crianças.
Vocês já pararam pra pensar no “saco” que é ficar ouvindo:
– Come este “verdinho”
– Come esta “frutinha” pra ficar forte e bonito (a)
– Come essa verdurinha pro cabelo crescer
– Come pra ver televisão
– Come pra brincar
– Come isso
– Come aquilo
Não há quem aguente tanta insistência e quem tenha forças pra insistir mais até ter sucesso, mesmo porque, na maioria das vezes, o sucesso não vem ou demora pra vir, e junto com essas frases todas vem o fracasso na pele e a famosa culpa de mãe, culpa de pai.
A falta de vontade de comer, normalmente começa na fase dos 2 anos, onde a criança começa a “ter” o poder da escolha, onde ela começa a perceber e a observar os hábitos dos adultos pra começar a imitá-los.
“As razões desse comportamento são bastante complexas, devido às interações de características familiares e de contextos sociais, além do fato de que segundo a faixa etária, pode-se ter uma causa preponderante para o quadro. Estudo recente sobre o aspecto psicológico da queixa materna “meu filho não come” revela que é impossível apontar por onde começam as dificuldades em termos causais: se nos sentimentos da mãe ou no comportamento da criança.” (Fonte: . Andrade TM, Moraes DEB, Campos ALR, Lopez FA.
Crianças que não comem: um estudo psicológico da queixa materna. Rev Paul Pediatr 2002;1:30-6.)
Existem estudos que mostram que quanto menor a oferta de variedade dos alimentos na introdução alimentar, maior a rejeição no futuro. Existe uma fase, onde é mais difícil iniciar a ingestão de frutas, verduras e legumes, pois a criança já tem bastante influência social (escola, televisão, produtos industrializados).
Sempre oriento e falo a tamanha importância de se oferecer uma alimentação variada, com inclusão de verduras, legumes e frutas de forma bem ampla, independente do gosto pessoal dos pais.
Por exemplo, eu Paola não gosto de berinjela, mas faço pra Clara comer.
Concordo que somos o exemplo pra nossos filhos, meu prato sempre é recheado de verduras e legumes, mas a berinjela eu definitivamente não gosto, mas Marido ama, ou seja, ela tem uma referência e claro, se precisar, eu vou comer pra ela me ver comendo e assim ajudá-la a criar o hábito.
Outro ponto que pode colaborar pra seletividade ou escolha de alimentos não saudáveis é a precoce introdução de industrializados na rotina alimentar das crianças por causa de nossos hábitos de adultos.
Hoje me perguntaram:
Você dá bolacha de maizena pra sua filha?
E eu respondi:
Não!
Aí emendaram a pergunta:
Mas o que você dá de snack?
Fruta!
Também ofereço outras coisas que eu faço em casa (eu amo cozinhar), frutas desidratadas, por exemplo. Não dou bolacha de maizena por causa do sódio, excesso de açúcar e outros ingredientes desnecessários.
Precisamos também prestar atenção se nossos filhos realmente não estão comendo ou se nós achamos que eles não comem.
Crianças seletivas costumam não comer determinados alimentos, normalmente eles tem rejeição pelas frutas, verduras e legumes, mas também há casos de crianças que não comem de jeito nenhum alimentos de uma determinada cor, textura, temperatura ou modo de preparo.
O que eu costumo orientar, é que os pais observem os porques das recusas, tentem observar quais alimentos são mais inaceitáveis pra depois começarmos a tratar, buscando formas de aceitação.
Olha só os perfis alimentares, que são mais preocupantes em crianças acima de 2 anos:
Os pais precisam entender que ser “gordinho” não é questão de saúde e que muitas vezes, comer quantias pequenas de alimentos variados não significa que a criança não coma.
Deixar a criança ter fome ajuda com que ela coma no horário da refeição.
Outro ponto é criar uma rotina alimentar, que inclua ensinar bons hábitos, como por exemplo, não comer na frente da televisão e sim no ambiente “sala de jantar”.
Saliente os pontos positivos de seu filho enquanto ele está comendo. Faça da hora da refeição um ato de prazer e não uma ditadura alimentar por mais difícil que seja.
Deixe pra esbravejar depois sozinha no banheiro, mas não deixe seu filho vê-la possessa ou mega feliz. Seja neutra, mas faça com que a refeição seja um momento bacana.
Persistência, paciência e eu digo amizade com respeito. Entenda, você quer que seu filho coma e ele por algum motivo não aceita tal alimento.
Tenha calma e vá testando diversas vezes as diferentes formas de comer o mesmo alimento, converse com a criança e fale de forma atrativa e VERDADEIRA sobre o alimento, coma junto com seu filho.
Tente levá-lo à cozinha pra fazer uma preparação.
Antes de sair oferecendo suplementos alimentares e a criança ficar desnutrida ou gordinha “vazia”, analise os hábitos alimentares da família, da criança e claro, tenha acompanhamento com profissionais. Há casos em que é necessário o acompanhamento de nutricionista e psicólogo.
Boa sorte e força na peruca!
Beijos,
Links legais pra lerem sobre o assunto:
http://www.pediatriasaopaulo.usp.br/upload/pdf/1096.pdf
http://mamatraca.com.br/?id=245
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