A primeira viagem sem filho

Baheeeeea, sua linda!

Minha primeira filha foi planejada, digamos que engravidei depois de muito curtir a vida, badalar, viajar e fazer tudo o que queria, inclusive com o Marido. Nunca cheguei ao ponto de precisar ficar sozinha, de precisar deixar a Clara na casa da minha mãe pra eu sair com o Marido, por exemplo.

Quando Clara tinha seus 2 anos e meio, ficou 10 dias com minha mãe na praia, Marido e eu sozinhos em casa e pasmem, ficamos perdidos sem saber o que fazer com tanto silêncio. Ficamos chorosos com a ausência dela. Foi aí que percebemos que não era ela quem atrapalhava algo.

Pois bem, este ano, minha chefe casou e seu casamento foi na Bahia. No primeiro momento, iria eu, Clara e minha mãe, pois Marido não ia conseguir folga na quinta e sexta feira. Assim, nós 3 aproveitaríamos um fim de semana esticado e minha mãe me ajudaria com a pessoinha enquanto eu trabalharia do hotel e até mesmo na festa de casamento. E foi aí que tive minha primeira viagem sem filho.

Bom, isso era a ideia, o sonho ideal, mas com os preços das passagens nas alturas, em pleno início de alta temporada, eu acabei indo sozinha. É, lá fui eu pro aeroporto com o coração na mão, morrendo de medo de algo acontecer e eu nunca mais ver minha pequena, mas fui …. E confesso que fui saltitante pra minha primeira viagem sem filho.

Fui feliz da vida, pois teria 3 dias e meio só pra mim. Sem Marido, filha, cachorra, família. Seriam 3 dias e meio pra eu comer o que quisesse calmamente, pra eu beber o que quisesse sem medo de ficar com ressaca e ter uma criança com pique total no dia seguinte.

Seriam dias em que não precisaria me preocupar com horários, piscina, mar. Dias em que eu poderia refletir sobre minha vida atual. Dias praticamente sem celular, pois o 4G lá era péssimo, uma vez que minha operadora não é forte lá e o WI-FI do hotel não era lá essas coisas.

Morri de saudades da Clara e a imaginei brincando pelo hotel, na piscina. Analisei o cardápio do hotel pensando nas escolhas dela. Arrumei meu prato do café da manhã como arrumaria o dela. Coisa de louca, não é? Sempre que tinha sinal do celular, mandava mensagem pra minha mãe pra saber dela e em um dos áudios, ela, com o choro entalado perguntou: mamãe, você vai chegar logo? Nem preciso dizer que cai aos prantos, não é? Somos muito grudadas e toda vez que estou longe, é pior eu tentar falar com ela, pois ela chora, me faz chorar e isso independe dela estar amando os mimos e farra da casa da avó!

O mais louco de tudo, é que, por mais que eu ame ser mãe, ame incondicionalmente a Clara, ter esses dias pra mim foram essenciais para uma renovação de forças. Pude ficar em silêncio e escutar o barulho do mar, dos pássaros e olhar para mim internamente. Consegui dormir o quanto meu corpo precisava, comi e bebi o que me deu na telha.

Foi um turbilhão de emoções e sentimentos. Passei pela fase do auto julgamento: como assim eu estou me divertindo sem a Clara? Ao mesmo tempo, agradecia pelos dias sozinha. Engraçado como em um piscar de olhos vamos do céu a terra, não?

Vão viajar com as pessoinhas? Relembrem estas dicas de organização da alimentação nas férias! 

Estava tão, mas tão desencanada do lado materno, digamos assim, que cometi algumas “merdas” das grandes:

  • Quem já foi pra Bahia sabe que lá venta que é uma delicia! Sabe quando você vai pra praia com um sol de rachar o coco, mas você não fica pingando de suor porque venta? Pois é, isso me estrepou e feio no quesito: protetor solar! É, pessoas, não passei protetor solar e em algumas (poucas) horas de praia sozinha, parecia o camarão servido no jantar!
  • Esqueci de falar para não colocar coentro na minha porção. Admitam, quando saímos pra comer com as pessoinhas, fazemos o pedido e dependendo do prato é um tal de “mas tira isso, tira aquilo” porque ela não gosta. É tipo pedir um x.salada sem queijo e hambúrguer e acabar comendo o pão com salada, sacam?
  • Achei que como estava ventando, não precisava me preocupar com o chinelo pra caminhar na areia escaldante da praia. Foi uma belezura correr parecendo uma gelatina até um lugar onde meus pequenos grandes pés não queimassem.
Conseguem perceber o nível “camarão” da pessoa? É, pois é!

Tudo gafe que se a Clara estivesse, não cometeria, pois na minha bolsa teriam trocentas opções de protetor solar, chinelo na certa estaria no pé e jamais esqueceria de pedir pra tirar o tão odiado por mim coentro!

Aí vocês me perguntam: – Paola, no final das contas, você recomenda que a gente tenha um tempo só pra gente?

Maternidade cansa? Desabafei um pouco neste post, logo no começo da minha vida de mãe! 

Olha, recomendo! E não recomendo porque não amo a Clara. Recomendo porque de alguma forma precisamos nos olhar, precisamos descansar de verdade, precisamos recarregar nossas energias para seguirmos adiante. Clara já tem 4 anos e 5 meses, entende tudo, ou quase tudo. Come bem, fica super bem com minha mãe, então, não é algo que dê “pena” em deixá-la, entendem? Ela estava segura, com pessoas que eu confio, não estava com estranhos, o que  super me tranquilizava.

Eu precisava, por motivos pessoais, deste tempo. Precisava refletir na vida, descansar mesmo e não algumas horas do dia. Precisava não ser solicitada pra nada. Estava estressada, sem paciência com o mundo, por “n” motivos e esta viagem me revigorou. Estou pronta pros infinitos dias com ela que virão!

Sem contar o nosso reencontro delicioso, cheio de “mamãe, eu te amo”, vamos dormir grudadinhas hoje? Foram 3 dias e meio dentro de mais de 1640 dias com ela. Foi a minha primeira viagem sem filho, mas o retorno é sempre melhor e cheio de amor!

Beijos.

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