Maternidade cansa?

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Ontem, no almoço de domingo do Dia das Mães, estávamos nós, as mulheres da família, algumas mães, outras não conversando e entre uma conversa e outra, me deparei com uma frase que soltei no meio da conversa:

– Não é a Maternidade, ser Mãe, que cansa e sim todo o resto que temos que fazer sozinha!

E fiquei com isso na cabeça. Ficar sem dormir cansa? Claro que cansa! Mas cansa mais porque quando o bebê dorme, nós temos que cozinhar, lavar, limpar, arrumar a casa e não conseguimos dormir enquanto eles dormem.
Precisamos achar um tempo pra ficar com o Marido, porque senão vem toda a cobrança. Se tem outros filhos em questão, precisamos dar atenção, ver a lição, notas da escola e assim por diante.

Mas vem cá, porque os homens tem o “direito” de descansarem aos domingos à tarde e nós precisamos sempre fazer alguma coisa? Porque os homens podem chegar em casa depois de trabalhar o dia inteiro, sentar no sofá, tomar café, ver televisão, se desligar dos problemas e descansar e nós precisamos colocar o umbigo no fogão, dar banho, dar jantar pros filhos? Será que o que cansa é ser mãe ou é ser mulher? Ou na realidade é a junção dos dois: ser mãe  e mulher?

Vejo uma dúzia de amigas dizer que os Maridos são super parceiros, ajudam, fazem e acontece. Mas a grande maioria não é assim que acontece. Assim como a grande maioria tem no máximo faxineira uma vez por semana, eu tenho a cada 15 dias e ela vive faltando para meu desespero.

O Marido aqui, confesso que me ajudava muito mais quando eu estava grávida. Como eu trabalho de segunda à sábado e na gravidez dava plantão de domingo, ele fazia a faxina de casa todo sábado. Sim! Eu chegava em casa e tudo estava limpo.
Tudo bem que dentro do box ele esquecia o rodo, na cozinha ficava a caixa do aspirador, no móvel da TV do quarto ficava um ou outro produto de limpeza com o pano, mas a casa estava limpinha. Ah! Ele só não lavava a louça, pois ODEIA com todas as forças lavar louça. Mas até aí, tudo bem, né? Oque é uma louça perto de uma casa inteira?

Clara nasceu, fiquei em casa quase 6 meses e a ajuda foi-se neste período. Algumas vezes eu ouvi bem baixinho que eu ficava em casa o dia inteiro, ou que a casa estava bagunçada porque eu tinha ficado na rua o dia inteiro.
E eu não engolia seco não, eu dizia que ele não tinha noção de quanto tempo e atenção a Clara tomava.
Pra quem não sabe, Clara mamava a cada 1 hora até fazer 4 meses e agora é a cada 2 horas, 3hs estourando, mas em episódio isolados e ela é grude total comigo, onde eu vou ela vai engatinhando atrás, não gosta de ficar sozinha e etc.

… Voltando …

Comecei a trabalhar e ainda trabalho aos sábados e ele passa o dia inteiro com ela e só depois disso ele percebeu o “trabalho” que dá e que realmente não tem como fazer muitas coisas com ela. Ele inclusive dorme junto com ela, isso mesmo, sabe aquele tempo que era pra gente dormir e descansar e não fazemos porque vamos cuidar do resto? Pois é, ele aproveita e dorme junto com ela.
Quando chego, às 20hs, ela está eufórica pra ficar comigo, quer mamar, gruda no peito e lá ficamos e ele se “despede” da função e vai descansar no sofá.

Teve um dia que meio que surtei e falei:

– Sabe qual a nossa grande diferença?
Você trabalha feito um FDP (sim, eu falei assim mesmo pq precisava extravazar e sim, eu falo palavrão, o que agora vou mudar porque não quero dar esse exemplo pra Clara), mas chega do serviço, senta, toma café e descansa. Vê televisão, demora o tempo que precisar no banheiro, dorme a noite inteira que nem escuta o choro da Clara e eu?
E eu não! 

E ele ficou com os olhos arregalados e disse:
– Mas eu te ajudo!

Enfim, ajudar ele até ajuda, mas tudo tenho que delegar. E o faço, pois se eu não falar, ele não vai fazer e eu vou ficar brava, a gente vai brigar e a confusão está pronta! Quando estou muiiiiiiiiiiiiiiito cansada e aproveito pra dormir com a Clara das 19hs às 21:30 já aviso o que ele tem que preparar pro jantar, que normalmente é o arroz e omelete (o dele é demais de bom). As coisas da cachorra (dar banho, dar comida, limpar a cocozada toda, passear) é de responsabilidade dele.

Com tudo isso, cheguei a conclusão de que às vezes temos “dó”, “pena” dos Maridos e pensamos:
– Tadinho! Eles trabalharam o dia inteiro e ainda vai fazer o arroz? ou
– Ele trabalha 12hs/dia e ainda vai fazer o omelete? ou
– Eu dou conta

Não! A gente não dá conta e não temos que ser uma máquina, não somos uma máquina (falei sobre isso aqui). Somos mulheres, mães, seres humanos que precisamos sim descansar.

Precisamos ter força de vontade e amamentar nossos bebês o máximo de tempo possível (desde que tenha leite e diversos fatores), até os 2 anos como recomenda a OMS e não usarmos a amamentação como culpa pro cansaço, por não dormir.
Precisamos ter paciência pra brincar, dar carinho, colo, ninar, tomar banho junto.

Quem precisa da gente são nossos bebês e os Maridos e as pessoas ao redor precisam entender isso.

Vejo tanta gente querendo filho e quando nasce partem pras teorias absurdas (ao meu ver) de fazer o bebê dormir a noite inteira, dão trocentos brinquedos tecnológicos ou deixam os bebês hipnotizados na frente da TV pra ter “sossego”, dão a famosa mamadeira com leite artificial às 23hs pro bebê dormir a noite inteira e depois dão remédio pra passar a cólica. A última que vi, foi uma mãe que deu cerveja pro bebê dormir a noite inteira. SIM! Cerveja.
Desculpem-me, não sou a melhor mãe, não participo de nenhuma competição pra isso, não quero ser eleita a melhor mãe. Sou mãe e dou o melhor de mim pra minha filha, mas não consigo me calar ao ver algumas coisas que no meu ver é absurdo.
Você dar uma bebida alcoólica pra um bebê dormir é demais da conta na minha opinião.

Meio que “cansei” de ouvir gente falando que está de saco cheio dos filhos serem super apegados, de amamentar, de fazer comida caseira, de estar cansada, de isso, de aquilo enquanto no fundo o problema não é o filho, não é ser mãe e sim a falta de “auto-organização” ou colaboração do próximo (Marido, companheiro, namorado, noivo: pai da criança biológica ou de criação).

O filho não é só da mulher, é do casal e ambos precisam se organizar com tudo.

Por adolescentes e adultos melhores amanhã, por seres humanos com valores, conscientes, precisamos hoje cuidarmos de nossos bebês.
Estudos mostram como a fase de bebê é importante no desenvolvimento, como o colo, carinho, afeto, vínculo, conversar e interagir com os bebês são fundamentais pra criação do indivíduo.

Como funciona por aí???
Beijos
Imagens retiradas daqui: 01

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