“Extra extra extra! Os ETs invadiram a terra, abduziram a pessoinha e deixaram outra no lugar.” Essa seria uma manchete ótima para a atual conjuntura aqui de casa. Como se fosse mágica, uma menina doce teve seu lugar emprestado por uma menina que mais grita do que fala, cheia de ciúmes do nada e ao mesmo tempo de tudo e com muitas respostas na ponta da língua, daquelas que você simplesmente desacredita sair da boca de uma pessoinha de pouco mais de 4 anos e meio. Parece brincadeira, mas é real. Por aqui rolou a primeira DR com a pessoinha e posso garantir que a gente nunca esquece.
Sabe quando você, mãe, está exausta de tanto falar, explicar, ensinar? Quando qualquer coisa que você, mãe, fala e a pessoinha rebate de uma maneira diferente do comum? Começou um tal de: “você ama mais a Astrid (a cachorra) do que eu”, “eu vou me despedir de vocês e vou embora”, “eu quero outra mãe”, sempre depois de um: “hora de almoçar, Clara”, “desligue o Ipad e vem comer”, “hora de tomar banho”, “hora de sair do banho” e assim com todo o resto que fosse contrariar a vontade dela.
Marido irritadíssimo com as respostas da pequena, típicas daquelas que se um estranho visse, certamente falaria: “essa quando crescer bate nos pais”, sabem? Pois é, os dias desde que chegamos de viagem do interior têm sido longos e difícieis e por conta disso, um dia antes de dormir, cansada, bem cansada resolvi conversar com a Clara para tentar entender o que estava acontecendo com minha garotinha. Foi tão engraçado, pois tivemos nossa primeira DR e entre choro, lágrimas e soluços, ela desabafou.
A conversa foi mais ou menos assim:
– Clara, meu amor, o que aconteceu que você está brava demais esses dias?
– Eu tô triste, mamãe. Eu não gostei que você e o papai brigaram comigo e eu acho melhor eu se despedir.
Bom, até aí eu ainda não tinha conseguido entender o que, de fato, poderia ter acontecido pra ela ter essas reações e continuei a nossa DR.
– Mas, filha, quando a gente faz alguma coisa errada, precisamos aprender o certo. Eu e o papai não estamos brigando com você e sim te ensinando. Todos os dias precisamos comer, tomar banho, escovar os dentes. Quando entramos no banho, precisamos sair do banho e não podemos demorar com o chuveiro aberto, senão, acaba a água do mundo, lembra? A gente te ama e precisa te ensinar um monte de coisa.
Aí começaram as lágrimas no rostinho dela, que partiu para o choro, e foi para o soluço …. Nem preciso dizer que eu também dei uma desabadinha básica, não?
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Bom, junto com a primeira DR com a pessoinha, é preciso entendermos como estão os dias, rotina e últimos acontecimentos na vida delas. Porque sim, elas são crianças e nós os adultos da relação. Então, antes de esbravejarmos, brigarmos, é preciso, mesmo que friamente, analisarmos o que pode ter desencadeado tais reações, porque sim, pra toda reação, teve uma ação antes.
Clara está sem ir pra escola desde o dia 13 de dezembro, ou seja, são praticamente 40 dias em casa, no total, serão 47 dias. Destes dias, 14 ela ficou bem doente, teve que fazer vários exames de sangue, injeção, antibióticos e antitérmicos com aquela tensão toda do quadro piorar. De diversão mesmo, com sol, piscina, viagem para o interior foram 12 dias e fora isso, sua rotina tem sido em casa. Imaginem o tédio que tem sido uma criança cheia de energia sozinha em casa?
Junto com tudo isso, EU, a adulta da relação, quis começar um monte de coisa junto com o tal ano novo: descompartilhar cama e tirar copo de bico, tudo coisas que mexem com o emocional da criança. Além disso, teve a cirurgia de emergência da Astrid e os cuidados voltados à ela de uma forma que a Clara nunca tinha visto, com isso veio a onde de ciúmes e “você ama mais a cachorra do que eu” e pra completar, mesmo eu de férias, em casa, tenho trabalhado demais.
Clara não é perfeita, é uma criança como as outras. E meiga, dengosa, sentimental, canceriana. Faz birras, grita, é teimosa. Mas percebem como todo o conjunto interferiu nela? Educar, dizer não, ensiná-los é necessário. Passarmos valores, mostrarmos que nem tudo é como eles querem é essencial. Mas também precisamos ouvi-los, ampará-los, escutá-los. É preciso que façamos uma análise do conjunto das coisas, das nossas ações para vermos as reações das pessoinhas.
No final da nossa “DR”, rolou aquele “eu te amo, mamãe” e “eu te amo, minha pituzinha”, além do abraço mais apertado de todos, cama compartilhada e algumas re-decisões, mas isso é assunto para outro post! 🙂
Beijos.
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