Tem lugar mais gostoso que nossa casa? Podemos viajar para o mais bacana hotel, se deliciar com tudo, mas a volta pra casa sempre é acolhedora. E quando, por qualquer motivo, temos que ficar longe de nossa casa e bate aquela saudade? Pois é, nossa casa é teoricamente nossa base, junto com a família. Não sei como acontece, mas é assim que sentimos aqui na nossa casinha e pude perceber ainda mais neste domingo, quando o teto de casa caiu.
Ficamos fora, Clara e eu a semana passada inteira. Viajamos, curtimos nossas férias e retornamos para casa na sexta feira de noite. Ela, cheia de saudades do seu quarto, seus brinquedos, seu pai, sua cachorra … Sua casa! Mas aí, em pleno domingo a tarde, pude ver nos olhinhos de uma menina de 3 anos e 9 meses o desespero quando viu que o teto de sua casa caiu.
Parece piada, ou melhor, exagero, mas não é, não foi. Fui pegar minha bolsa no sofá, escutei um barulho tipo de algo rachando ou um gato andando no forro, marido me olhou e disse: – corre que vai cair.
Peguei a Clara, chamei a Astrid, nossa cachorra e fomos pro quarto dela, que é o ambiente mais perto da sala. Marido ficou na outra ponta, sentido corredor e em menos de 15 minutos o forro despencou inteiro.
Foi um barulho horrível, um pó que parecia que tudo tinha vindo abaixo, até o telhado. Por sorte não foi. Foi apenas o estuque e toda sua armação.
Olhei pra trás e vi a Clara com os olhos arregalados, quase que cheios de lágrimas. Astrid feito lagartixa no chão amedrontada. Foi horrível, partiu meu coração vê-la assim. Olhei para o Marido, aquela cara de desolamento. Não sabia o que pensar, o que fazer …. Estávamos separados pelo entulho, pelo desastre.
Peguei a Clara no colo, abracei, acalentei e disse que tudo vai ficar bem. Ela, sem entender nada daquilo falou: – Mamãe, nosso telhado caiu! E agora? E nossa casa?
Até no quarto da Clara tivemos estragos. Perdemos praticamente tudo que tínhamos na sala, home, sofá, tapete, mesa de centro, enfeites, home theather, televisão. Mas estamos salvos, isso é o que importa.
Marido tem o hábito de ver televisão e sempre, todas as noites dorme vendo televisão e eu vou acordá-lo lá pelas tantas, no sábado de tarde, Clara e eu dormimos a tarde inteira, cada uma em um dos sofás, Astrid dorme lá. É nossa sala, já pensou se algum de nós estivesse lá na hora? Foi tudo rápido demais, foi impressionante.
Ontem, na correria de ir atrás de mão de obra pra reformar todo o forro da nossa casa, pedi para a mãe de uma amiguinha da Clara dar uma carona pra ela até a casa da minha mãe, ela pediu pra Clara ir brincar na casa dela. Deixei, até que chegou uma mensagem pelo whatsapp que apertou meu coração: Ela acabou de me falar que o teto da casa dela caiu….é que ela não quer morar em outra casa, tadinha. Estamos na casa da minha mãe desde domingo e ela tem choramingado que quer voltar pra casa dela, que não quer mudar de casa. Ontem chegou na escola contanto pra sua professora o que tinha acontecido e choramingou mais uma vez.
É tão doido isso tudo. É um misto de sentimentos. É querer proteger, é agradecer por estarmos bem, é desespero porque o conserto vai ser bem caro e não é o melhor momento financeiro da nossa vida, é acreditar que Deus não dá um fardo maior do que podemos carregar. É não saber o que e como fazer, acreditar que tudo vai dar certo.
É filha, a vida tem dessas mesmo, mas com união, fé e força, sempre vencemos. Bora lá que vamos “reconstruir” nossa base, nosso cantinho e você não vai ficar sem casa.
Beijos.
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