Desenvolvimento dos bebês é algo que sempre nos deixa com a pulga atrás da orelha. Algumas vezes exageramos no desespero, outras não e sim, é necessário procurar ajuda e ver se tudo está dentro da normalidade. Cada bebê tem seu ritmo, mas é preciso estarmos atentas ao não desenvolvimento deles. No quesito desenvolvimento da fala, tenho uma mini tagarela aqui em casa. Clara sempre balbuciou bastante, sempre a estimulei com histórias, músicas, conversas, além do fato dela nunca ter comido papas batidas ou peneiradas e sim com pedacinhos, o que também ajuda os bebês começarem a falar. Mas será que tem tempo certo pro bebê começar a falar? Pra me ajudar com este post e responder várias leitoras que me perguntam sobre isso, pedi ajuda a uma profissional.
Fiz algumas perguntas pra Lílian Kuhn Pereira, Fonoaudióloga – CRFa 2/14684 com Especialização em Audiologia, Mestrado e Doutorado em Linguística Aplicada. Ou seja, uma expert, além de fofa, carinho. Obrigada Lilian, por ter respondido as perguntas e toda atenção! 😉
Blog MC: Com quantos meses/idade é normal os bebês começarem a falar?
Fono Lilian Kuhn Pereira: Bom, o surgimento da fala (linguagem expressiva) é apenas uma parte do desenvolvimento da linguagem oral, o qual é um processo que se inicia mesmo antes das primeiras palavrinhas. A compreensão (linguagem receptiva) é a primeira parte da linguagem que se desenvolve. Por volta dos 06 meses de gestação, o sistema auditivo do bebê se forma e permite que ele ouça a voz da mãe (e ruídos internos do corpo). Algumas semanas depois, ao nascer, o bebê já é capaz de reconhecer a voz materna e padrões de entoação do seu idioma! Fantástico, não é? J Desta forma, podemos considerar que a etapa inicial do desenvolvimento de linguagem se dá ainda na vida intrauterina!
Mas, voltando à fala propriamente dita, nos primeiros meses de vida, o bebezinho aprende que pode usar a voz para interagir e se comunicar com a mamãe.
- Aos 04 meses de idade: ele vocaliza e troca olhares e sorrisos com as pessoas. Esses são os primeiros indícios de dialogo da criança com um adulto!
- Entre 06-08 meses: os tais sons sem sentido vão tomando “forma”, assim conseguimos reconhecer sons parecidos com palavras da nossa língua (por ex: “dadada”, “gugugu”).
- Em torno do 10º (até o 12º mês) de vida: os pais perceberão que os primeiros indícios de palavras surgirão, quando o bebê passa a chamar a mãe por “ma” (ou “ma-má”) e o pai por “pá” (“pa-pá”). Nessa fase, o bebê também começa a nomear os objetos do seu cotidiano (“pe pe” ou “pu pu”, para chupeta, por ex). Vale lembrar que aqui criança também já usa gestos sociais e que também são parte da comunicação, tais como: apontar, dar tchau, soltar beijos, responder “sim” ou “não” com o balançar da cabeça. Essa fase de desenvolvimento se estende até o 18º mês, com o surgimento significativo (e quase que, diário!) de novas palavrinhas. E assim se encerra o primeiro ciclo do desenvolvimento de linguagem, chamado “pré-linguístico”.
- O segundo grande ciclo do desenvolvimento de linguagem – “linguístico” – começa nos 18 meses de vida da criança, quando além de repetir e compreender muitas palavras, as crianças começam a formar frases de duas palavras (por ex: “João água” – para pedir água)! Nesse ritmo, dos 24 aos 30 meses de idade, as frases crescem: agora são formadas por três palavras, que são produzidas em uma ordem correta (por ex: “Maria tá aqui!”).
A partir daí, observamos que o desenvolvimento segue um curso muito particular, então tem crianças que conseguem produzir todos os sons da fala mais cedo, outras demoram mais, mas, por outro lado, tem um vocabulário muito mais sofisticado. Então, o que se espera é que, tendo passado adequadamente por todas as outras fases, por volta dos 05 anos, a criança consiga produzir todos os sons, até os mais difíceis, como o /r/ da palavra “prato”.
Blog MC: Como podemos estimular a fala dos bebês/crianças?
Fono Lilian Kuhn Pereira: A estimulação é essencial para o desenvolvimento de linguagem adequada! Nenhuma criança aprende a falar “sozinha”! Cantar musiquinhas (vale até inventá-las), nomear os objetos e ações do cotidiano, contar, ler livrinhos e conversar são ações simples e que podem ser feitas o tempo todo! Durante primeiro ano, a repetição é muito importante para o bebê conseguir assimilar o significado a cada palavrinha que ouve, então é interessante que as rotinas se mantenham, por exemplo, você pode sempre cantar a mesma música na hora das refeições! Enfim, se eu tivesse que resumir a uma frase, eu diria “Narre o mundo para o seu filho!”.
Blog MC: Como a introdução alimentar, ou melhor, a consistência dos alimentos pode interferir no desenvolvimento da fala?
Fono Lilian Kuhn Pereira: Para que a produção da fala aconteça, alem de outros fatores, a boa integridade dos órgãos da fala (língua, lábios, dentes e bochechas) é essencial! Se pensarmos que a maior parte dessa estrutura é muscular, a alimentação (por meio da mastigação de diferentes consistências alimentares) é um grande exercício e preparação para a fala! Desta forma, crianças, cujas dietas privilegiam apenas alimentos líquidos e pastosos, tendem a ter os músculos da face com tônus reduzido e dificuldade para produzir determinados sons.
Blog MC: Quando devemos nos preocupar e procurar um especialista pra ajudar na fala da criança?
Fono Lilian Kuhn Pereira: A primeira preocupação tem que ser com a audição! Então, ainda na maternidade, o bebê deve ser submetido ao Teste da Orelhinha! Em seguida, deve-se observar se as etapas de desenvolvimento estão sendo alcançadas, visto que, apesar da máxima “cada criança tem seu tempo” ser verdadeira, o desenvolvimento linguístico sempre segue o mesmo caminho (fases)!Se os pais não observam nenhuma evolução significativa no desenvolvimento de linguagem do filho, mesmo tendo passado um período de dois ou três meses, esse é o momento de investigar! É importante lembrar ainda que a linguagem se desenvolve em paralelo com outros aspectos (cognição, socialização, motricidade), então todos eles devem ser observados!
Blog MC: É verdade que menina é mais tagarela que menino e que elas falam antes deles?
Fono Lilian Kuhn Pereira: Existem estudos sociolinguísticos que mostram essa distinção entre meninos e meninas (elas sendo mais precoces e tagarelas), mas isto estava parcialmente relacionado ao modo de criação e interação com os gêneros. Mais antigamente, as meninas eram estimuladas a brincar de casinha (comidinha, escolinha, etc), o que favorece a conversação. Elas eram também estimuladas a falra sobre seus sentimentos e vontades. Por outro lado, as atividades dos meninos são/eram físicas e motoras, tais como: bola, bicicleta, carrinho. Os meninos também não podiam chorar e nem “reclamar”! Nas ultimas décadas, essa visão tem se modificado e a tendência é que as crianças de ambos os sexos tenham as mesmas oportunidades sociais de comunicação e interação!
Como viram, nós podemos sim estimulá-los, vários fatores interferem no falar e ele começa láááá no começo de tudo, junto com a audição.
Olha aqui os contatos da Lilian caso tenham alguma dúvida:
Tel (11)98207-7182
Email: [email protected]
Instagram: @fonoliliankp
Facebook.com: liliankuhnpereira
E por aí? As Crias são falantes?
Beijos
Comentários